22.8.18

Historias de viagens: galley, a cozinha do avião

Depois de tantas idas e vindas, da pátria amada Brasil para o mundo, não poderia deixar de apreciar um cantinho dentro de um avião. Você conhece o galley? É um lugarzinho especial reservado para os comissários guardarem e organizarem as comidas e bebidas oferecidas nos serviços de bordo. Cada aeronave tem um design diferente, algumas têm galleys instalados no final e no meio do avião e outras somente no final.

Voar é uma experiência prazerosa para muitas pessoas, mas para outras é um momento cansativo, inquietante e até desagradável. Sempre observo a dinâmica do trajeto quando o avião está no ar. Muitas vezes, em voos longos, de 13 a 15 horas, dá para notar o desconforto de alguns passageiros, e mais ainda da equipe de bordo.

Tenho um ritual especial quando entro no avião. Geralmente me acomodo da melhor maneira, seleciono os filmes que desejo assistir durante o trajeto, deixo um livro por perto e rezo. Logo após a decolagem, quando liberam o sinal verde e podemos nos levantar, faço uma visitinha até o galley para tomar um drink, claro que isso depende do horário. Gosto de tomar um copo de vinho, que me ajuda a relaxar para umas possíveis horas de sono, já que tenho dificuldade para dormir durante o voo. Também podemos esperar pelo serviço de bordo, que normalmente passa uma hora depois da decolagem, dependendo do voo. Mas com meu jeitinho de brasileira que mora na Arábia Saudita, costumo solicitar algo e em seguida ganho a simpatia das comissárias que se solidarizam por eu viver em um lugar onde não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas. Chego a perceber nos olhos delas uma certa pena, por morar num país que para muitos é considerado extremista quanto às regras de comportamentos. Talvez elas pensem: coitada desta pobre mulher que só pode viver escondida por baixo daquelas vestes negras, as abayas ou burcas, e segurar um copo de chá nas mãos. A solidariedade é instantânea e muitas vezes até me agradam com champanhe que só é servido na primeira classe. Então, a minha frase preferida no galley é essa: “One glass of white wine please! I am coming from Saudi Arabia” (Um copo de vinho branco, por favor, eu venho da Arábia Saudita).


Nos meus 18 anos vivendo fora do Brasil, fazendo muitas viagens internacionais, tive o privilégio de conhecer pessoas interessantíssimas no galley, além dos mais variados tipos de comissários. Há os simpáticos, que se desdobram para te agradar e amenizar a viagem. Também há aqueles que se esforçam para te acolher com educação, mas que preferem servir copos generosos para que você volte logo para seu lugar, fique sentada e não apareça mais até o fim do voo. Escutei de uma comissária certa vez, que em geral os brasileiros e italianos são os povos que mais frequentam o galley para um bate papo, um drink ou para esticar as pernas.

Alongando as pernas, algo sempre necessário sempre em voos longos

Eles chegam até a fazer pequenas festas, com sua simpatia e descontração. Algumas vezes os comissários precisam pedir que o comandante do voo acione o sinal vermelho, alertando sobre turbulências, para poder espantar o pessoal do galley. Abrem uma exceção quando há uma artista famosa a bordo que resolve celebrar com os fãs.

A cantora Riana, oferecendo champanhe para os companheiros de voo

São tantas as histórias que escutamos por lá. Normalmente há pessoas que estão em trânsito ou voltando aos seus países e que se sentem prisioneiras nas poltronas do avião, com tantas novidades para compartilhar.

Tenho uma lembrança gostosa de uma escritora de 82 anos. Ela estava sentada ao meu lado e me contou sua trajetória profissional como docente na Fundação Getúlio Vargas e como autora vários livros. Depois de tudo o que fez, curtia viajar pelo mundo com a filha, provando que não há idade para ser feliz e colocar a mochila nas costas. Naquela ocasião, ela ia dar um mergulho nos mares da Croácia.

Minhas primeiras experiências de voos foram pela Europa, curtindo sempre as paisagens de montanhas nevadas, de países com tanto verde, tanta natureza e beleza. Nos últimos sete anos os voos mais frequentes foram pelo deserto. Confesso que muitas vezes, retornando do Brasil para Arábia Saudita e sobrevoando o Kuwait e Iraque, os vizinhos em guerra, sentia um desconforto tremendo e uma grande tristeza. A maior criação de Deus poderia ser mais harmoniosa! O por do sol laranja mais intenso, um dos mais lindos que vi na vida, foi sobrevoando o Kuwait. Pedi a Deus Paz universal, tudo poderia ser tão mais simples!


Pausa para o último drink antes de chegar na casa árabe. Lá encontrei um comissário marroquino, muito simpático e ágil. Ele ficou com pena de mim e me ofereceu o champanhe que seria para o pessoal da primeira classe. Claro que amei e passamos uma boa meia hora conversando, ele me fez confissões sobre sua vida, como se eu fosse sua terapeuta há anos. Quanta solidão, quantas angústias e quantas expectativas nos corações daqueles que vivem no ar. Depois, com alegria e descontração, ele também me contou que muitas das comissárias orientais muçulmanas se sentem constrangidas ao servir bebida alcoólica. Elas também não conseguem se descontrair e extravasar suas emoções num ambiente de trabalho. Ele elogiou o comportamento dos comissários latinos, sempre solidários e descontraídos, facilitando o convívio num espaço tão limitado. Não se pode generalizar, mas sempre escutei isto nestes 18 anos fora da pátria amada. Dizem que o nosso povo é mais alegre e flexível, que fazemos a diferença em qualquer lugar. Então, imagina minha alegria quando encontro uma comissária brasileira.

Fomos por muito tempo clientes fidelidade da Qatar Airways, uma companhia para qual tiramos o chapéu, assim como para o país. Agora por conta dos desentendimentos diplomáticos entre a Arábia Saudita e o Qatar, foram cancelados todos os voos do Qatar que partem da Arábia Saudita. A Qatar Airways não entra mais no país. É uma pena. Estamos voando pela Emirates, que felizmente é uma companhia tanto eficiente como a Qatar Airways. Devo confessar que estas foram as melhores companhias que já experimentei, comparadas com as europeias e americanas. Algumas vezes, quando meu marido voa a trabalho, temos o privilégio de voar na business class. Literalmente nos levam aos céus, com tanto conforto.

Mimos para os passageiros da primeira classe da Emirates, os melhores chocolates suíços 


Outro lugar interessante dentro de uma aeronave, e que muitas vezes passa despercebido é a cabine de descanso para a tripulação. Estes comissários que te recebem sorridentes são profissionais que além de estarem ali para nos servir, também merecem um descanso. A vida deles é viajar de avião, fazendo voos super longos, mas onde será que eles ficam durante a viagem? Bom, dependendo do avião eles podem descansar em pequenas cabines que servem como quarto. Cada modelo de aeronave possui um tipo específico, de acordo com as necessidades da tripulação e da companhia aérea. Mas. Geralmente, as áreas de descanso estão logo acima dos passageiros, como é o caso do Boeing 777. O Airbus A380 tem uma área de descanso mais luxuosa. São detalhes técnicos que fazem toda a diferença na categoria de um voo.




Viajar nestas grandes aeronaves é sempre uma experiência diferente e enriquecedora. Realmente é impressionante como nos damos conta da dimensão do mundo do dentro deste brinquedinho chamado avião!

Esta foto fiz sobrevoando o deserto e ficará em minha memória para sempre...
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6.12.17

Ilhas Maurício

Uma escapada para comemorar meus 50 anos!


Adoro conhecer ilhas, principalmente porque tenho origem em uma delas, nossa querida Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Como costumo fazer em todos os meus aniversários, organizo uma viagem para algum lugar, se não for uma ilha, que ao menos seja perto do mar.

Nestes meus 50 anos não foi preciso fazer muito esforço para organizar a viagem. Moro na Arábia Saudita e este ano tive a felicidade de passar três meses de férias na minha terra natal. No retorno ao deserto, encontrei no meu computador duas passagens para as Ilhas Maurício. Meu amado marido me estava presenteando criativamente. Claro que fiquei muito feliz e surpresa. Por mais que esta ilha não constasse na minha lista de desejos de viagens, incorporei a ideia e me animei. Comecei a pesquisar um pouquinho sobre o lugar onde iria vivenciar a minha virada para o meio século.

Confesso que imaginei que seria mais um lugar como as Ilhas Maldivas, que conheci ano passado. Um lugar com maravilhosos resorts, onde se passa a semana comendo, bebendo, relaxando e mergulhando... Mas as Ilhas Maurício nos surpreenderam pela beleza e pelo acolhimento!


Tínhamos apenas seis dias para desbravar a ilha, então escolhemos ficar dois dias em um hotel no lado norte e os outros quatro dias no lado sul, onde se concentram os resorts e as belas praias da ilha. Não recorremos a uma agência de viagens para os traslados. Como nosso primeiro hotel estava a 30 km do aeroporto, optamos por um táxi. Eles cobram preços justos e os motoristas também fazem o papel de guias. Com o mesmo taxista da chegada agendamos alguns passeios para os outros dias na ilha. Por cerca de 70 euros diários, eles ficam a sua disposição. Se você der sorte, e for de seu agrado, te levam aos lugares mais autênticos, não somente aos pontos turísticos, o que sempre procuramos explorar em nossas viagens.

Nos hospedamos no Hilton em Flic en Flac, uma das praias mais conhecidas e procuradas de Maurício, com vários pontos para mergulhos, snorkeling e lagoas com águas de um azul anil espetacular: para se deixar levar um bom tempo no mar. É uma área com bastante movimentação noturna, com muitos resorts, restaurantes e também várias opções para hospedagens com preços mais populares, como hostels e bed and breakfasts.




Não dá vontade de sair destes belos hotéis, neste em que ficamos, há sete restaurantes, atividades e facilidades para emergir numa agradável atmosfera crioula, mas tínhamos vontade de explorar os arredores. Resolvemos caminhar um dia todo pela vila, para fazer parte daquele habitat tão agradável. Em um restaurante tailandês tive a boa sorte de encontrar e reconhecer um gohonzon, objeto de adoração do Budismo de Nitiren Daishonin, que estudei e pratiquei por 10 anos quando vivia no Brasil. Foi um momento mágico na viagem. A proprietária do restaurante, percebendo minha admiração, apresentou-se e ficamos batendo um bom papo por horas. Ela me contou que na ilha o Hinduísmo prevalece como religião, mas que também há católicos, muçulmanos e budistas. Todos convivem pacificamente e com respeito por cada religião. Este aspecto me chamou a atenção, já que na Arábia Saudita não posso se quer levar comigo uma imagem de santo ou um objeto de outra religião: não entra nada no país que não seja relacionado ao Islamismo. Em minha mente foi mais um ponto para Maurício, um país de tanta beleza natural e harmonia.



Uma das programações que mais curtimos na ilha foi nadar perto das baleias. Nosso plano se modificou em alto-mar. Compramos um pacote para visitarmos os golfinhos e depois conhecermos algumas ilhas. Em uma delas seríamos recepcionados com um barbecue. De acordo com os marinheiros que nos levaram, tivemos muita sorte, pois neste dia os golfinhos talvez tenham nadado para o outro lado da ilha e apareceram várias baleias. Foi um show à parte! Me surpreendi quando um turista do barco ao lado pulou na água e resolveu fotografá-las de perto! Por sorte, acho que elas estavam em um dia de calmaria.



Ainda na parte norte da ilha, visitamos lindas piscinas naturais, ilhas com grande variedades de pássaros e animais marinhos e a especial Cristal Island, que nos fez piscar os olhos diante de uma água tão cristalina.



Uma curiosidade que encontrei nas ilhotas foi um grande número de ambulantes aquáticos. Como no Brasil, nos deparamos com muitos vendedores de kangas, roupas e biquínis. Nas Ilhas Maurício você também pode comprar preciosidades do Oceano Índico, como lindas pérolas e conchas, além de acessórios para a praia e bebidas, como o famoso rum, que é o produto forte da ilha. Claro que não podia deixar de experimentá-lo tomando uma boa dose, já que vivo em um país onde as bebidas alcoólicas estão proibidas.



Povos de várias religiões podem conviver harmoniosamente louvando este paraíso!

Seguimos para o leste da ilha, onde se encontram inúmeros resorts, cada um com uma particularidade. Nos hospedamos no Constance Belle Mare Plage, em frente a Blue Bay, um resort magnífico! Badaladas de um sino anunciaram a nossa chegada e fomos recebidos com drinks de boas-vindas por uma equipe muito prestativa.



Este hotel recebe muitos turistas europeus e asiáticos. Pude observar nos sorrisos das chinesas e coreanas que se sentiam em pleno paraíso. Há sete restaurantes com alguns Michelin star chefs e muitas atividades esportivas. Fizemos esqui aquático e snorkel, ambas atividades já estavam incluídas no pacote do hotel. Poupamos a metade do que gastamos em nossa viagem para as Ilhas Maldivas e aproveitamos mais a cultura local. 

O Sega, a música tradicional da ilha, é alegre e envolvente, e me fez lembrar nossos ritmos brasileiros. O suingue e a simpatia crioula alegram a ilha e as festas temáticas nos hotéis.



Como disse antes, reservamos um tour com o motorista do táxi na chegada ao aeroporto. Ele nos guiou por toda a ilha, com muita disposição e com o conhecimento de um nativo, fugindo um pouco dos lugares turísticos. Escolhemos uma rota cultural, religiosa e aventureira. Nos encantamos com todas elas. Em qualquer lugar que visitemos, sempre procuramos contatos entre os nativos. Essa é uma dica que gosto de compartilhar. Muitas vezes eles nos surpreendem mais do que os pacotes das agências. Mas se você procura comodidade e praticidade, em Maurício há muitas agências que podem organizar sua estadia.

Vale cada remada neste mar cristalino, vigiados pela montanha Le Morne, onde também se pode fazer escalada

Um dia resolvemos explorar o lado mais selvagem da ilha, visitando o Grand Bassin, também conhecido como Ganga Talao, que fica em um lago considerado sagrado pelos hindus. Eles acreditam que as águas do lago estão interligadas com o rio Ganges. Há diversos templos e um deles é considerado o maior templo hindu fora da Índia. Tivemos a boa sorte de presenciar uma cerimônia e imergir na atmosfera de fé e respeito de um povo, que acolhe com carinho os turistas curiosos. É um lugar que vale visitar sem pressa, para sentir a profundidade da paz que ele transmite. Me deixar envolver pela energia pura da cerimônia que presenciamos. Foi um momento especial para agradecer, meditar e fazer as minhas preces!



Saraswati tem o meu respeito: a deusa hindu do conhecimento, da sabedoria e da aprendizagem!

Ao redor do lago também se encontram os templos hindus Shakti Sena, Shiva e outros deuses como Hanuman e Lakshmi. É uma região para explorar sem relógios.

No dia do meu aniversário, resolvi fazer um programa dinâmico e aventureiro, visitamos o Vallee des Couleurs Nature Park. Trata-se de um parque natural em Chamouny com várias atividades como quad, biking, buggy tours e zip-lines (que é a nossa tirolesa), além da Nepalese Bridge e um restaurante. A atração principal é uma montanha de terras com 23 cores, cuja origem remonta há milhões de anos após a erupção do vulcão Bassin Blanc. Suas cinzas testemunham esse evento e são únicas no mundo, um verdadeiro colírio para os olhos.


A visita é uma experiência muito singular, no meio da exuberante flora e fauna indígenas do parque. Ficamos surpreendidos com a variedade de paisagens naturais, incluindo montanhas, vales, crateras e lagos.



Interagimos com tartarugas de mais de 150 anos, macacos, veados, peixes e pássaros, como o pombo-azul-das-maurícias, rabos-de-palha e pernas-verde, entre outros. Há várias árvores endêmicas como ébano, chifre, takamaka e plantas raras que também contribuem para a beleza do parque.


A cachoeira de Vacoas e as cascatas do Bois de Natte, Angel Hair e Chamouzé são quatro lugares magníficos para um relax refrescante após as caminhadas. O parque também oferece vistas deslumbrantes e panorâmicas do litoral sul. Mas a minha maior alegria foi sobrevoar o parque agarrada na segunda maior tirolesa do mundo. É a maior da Ásia, com 1.500 km. Gostaria de repetir esta excitante aventura, mas o nativo crioulo, marinheiro de uma lancha privada, já nos aguardava para a segunda parte do meu dia especial.


Seguimos para a Ile Aux, para um almoço à beira-mar preparado pelos nativos, com direito a banho de cachoeira, champanhe, lagosta na brasa e o principal ingrediente: o amor do meu marido. Os parabéns foram cantados em português, francês, inglês e crioulo: adorei!







O bolo não se podia comparar com o da dona Laurita, minha mãe querida, mas foi oferecido com carinho e muita alegria pela agência da lancha. A companhia da simpatia dos crioulos e os bons runs da ilha alegraram ainda mais a comemoração do meu meio século!

Me senti em casa, arranhando meu francês e inglês!

Fechamos esta nossa viagem com bons momentos no Constance Bella Plage Resort. Um belo lugar para relaxar e até levitar de prazer...



Valeu a pena celebrar meus 50 anos em um lugar tão especial. Esta pérola do Oceano Índico é um destino acessível e harmonioso, se comparado a outras ilhas da Ásia e da África, e para onde espero regressar um dia. 
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4.9.17

Bons voos via Super Petrel

Sou casada com um homem que ama voar. Ele iniciou sua experiencia aérea com aviões planadores no sul da França, mas precisou abandonar seu hobby depois que nos casamos, pois nossa rotina familiar não o permitia. Como uma esposa companheira e também esportista, o incentivei a voar de paraglider, um tipo de equipamento mais barato e flexível. Fizemos juntos um curso e voávamos pelos Alpes da Europa. Fiz meu batismo aqui na praia de Barequeçaba, ao lado de casa. Pela primeira voei sozinha, comandando minhas próprias asas, desde o morro de Barequeçaba até Guaecá. Foi uma experiência única e fantástica.

Depois de oito anos vivendo na Europa, nosso destino nos levou a um país onde não temos tanta liberdade. Mudamos para a Arábia Saudita, onde meu marido foi trabalhar e tivemos que abdicar dessa sensação prazerosa de voar. Por restrições militares e por segurança, a companhia de trabalho dele nos proíbe voar.

Meu grande piloto deu duro, se esforçou ao máximo, trabalhando arduamente em um regime oriental no deserto da Arábia Saudita. Graças a Deus, ele foi sempre respeitado por sua competência e profissionalismo. Voou por muito tempo apenas em um simulador de voo (Flight Simulator) para não perder a prática. Percebendo sua paixão por voar, decidi concordar com seu desejo de comprar um equipamento que lhe trouxesse de volta o prazer de voar, desta vez nos ares da nossa querida pátria amada.



Há dois anos ele adquiriu um Super Petrel, um hidroavião fabricado no Brasil, pela Scoda Aeronáutica (em Ipeúna, no interior de São Paulo), que já é considerado um êxito mundial por sua autonomia e praticidade.
Trechos do nosso Vale do Paraíba



O hidroavião fica em um hangar no interior de São Paulo. Este é um trecho do trajeto que meu marido precisa voar até chegar ao nosso litoral na praia de Barequeçaba, nossa predileta em São Sebastião.


 Para fazer jus a esta conquista, aproveitamos cada dia das férias aqui no Brasil, com sol e clima favorável, para voarmos pela costa brasileira. Claro que iniciamos nossos voos pelo amado litoral norte de São Paulo. É impossível não se encantar com a mística Ilhabela.


  
Ilhabela já está bem explorada pelo turismo, mas ainda assim há muitas praias primitivas, de difícil acesso, belíssimas cachoeiras, com vegetação exuberante, vilarejos de caiçaras e um mar de cor celestial, que nos remete ao Caribe. Aliás, não deixa nada a desejar!




  
Voando desde Ilhabela à Ilha Grande observamos muitas ilhas, ilhotas, casarios de caiçaras, mansões à beira mar, procissões de barcos pesqueiros e muitos cantinhos primitivos onde ainda pretendemos um dia “amerissar”, ou seja, pousar o hidroavião na água.



Em uma região totalmente praiana, claro que as delícias que prevalecem são os frutos do mar. Este é o casadinho, prato típico de farofa de camarão do restaurante Dona Ondina, em Paraty.




 Voamos literalmente sobre o Bonete, que há 15 anos visitamos juntos, normalmente por trilha. Desta vez tivemos a honra de amerissar um hidroavião por lá, para a alegria e curiosidade dos boneteiros, que pela primeira vez visualizaram este tipo de transporte.


Estar acima de nuvens douradas é uma sensação única, sem explicação. Meu coração se acalenta com o silêncio e paz...

A cada praia descoberta, sentir a espessura da areia na mão me confirma que se cada grão é único, quem somos nós para questionar tamanha beleza deste paraíso. Somos apenas seres do nosso criador maior, do Ser Divino, que criou este mundo tão especial para nós. Sejamos gratos sempre. A natureza é encantadora. Que possamos evoluir para melhor respeitá-la. Quero ser um grão de areia grossa, porém dourada...


Neste post procurei mostrar um pouquinho desta bela região através do voo no avião anfíbio, o hidroavião. Nos próximos vamos realmente emergir no azul anil de cada uma destas praias.
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