9.5.13

Curso de dança flamenca em Sandlândia


Como dizem os espanhóis, a dança flamenca sempre “me encantou”. Vivi em Madrid por quase dois anos, mas com tantas coisas a descobrir nesta linda cidade, não encontrei tempo para estudar e aprender mais sobre o flamenco, dança originária da Andaluzia, uma região muito bonita da Espanha.


Em Madrid conheci uma espanhola bonita e talentosa, que dança muito bem. A convidei para dar aulas no condomínio em que morava e ela topou. Conseguimos juntar muitas mulheres expatriadas para a primeira aula. Todas ficaram muito entusiasmadas mas, finalmente, poucas levaram a dança a sério, e a maioria não se animou a se dedicar a difícil arte de bailar flamenco.

O flamenco é a música e a dança cujas origens remontam às culturas cigana e mourisca, com influências árabe e judaica. A cultura do flamenco é associada, principalmente, à região da Andaluzia na Espanha, assim como as regiões de Múrcia e Estremadura.

O passado do flamenco é regado de dor, perseguição e sofrimento. Fortemente influenciado pelas culturas cigana, mourisca e árabe, o flamenco surgiu pela fusão dessas raízes em um momento histórico difícil. Para aliviar o sofrimento, refletiam na música flamenca o espírito desesperado das lutas, a esperança, o orgulho e a alegria das festas daquele tempo. Muitas das músicas flamencas ainda hoje expressam os sentimentos de desespero, esperança e orgulho desta época, assim como a alegria das festas noturnas. A música mais recente, de outras regiões de Espanha, também foi influenciada pelo estilo tradicional do flamenco. As categorias de flamenco se subdividem em estruturas rítmicas chamadas “palos”, como por exemplo: soleá, malagueña, bulerías, calliano, rumbas, sevillanas, jondo, tientos e tarantas.


Em Sandlândia surgiu a oportunidade de voltar a estudar flamenco. Aqui, em frente ao Golfo Pérsico, temos um salão que nos acolhe duas vezes por semana e nos permite liberar nosso espírito, soltar nossas amarras e vivenciar as gostosas e produtivas aulas com Olga Ravea, nossa querida instrutora e bailarina da Companhia de Flamenco da Andaluzia. Somos seis alunas agora: uma brasileira, duas francesas, uma coreana, uma venezuelana e uma italiana. Mesclamos nossa gana com o desejo de sapatear e deixar fluir a paixão do flamenco.

Nosso grupo dedica-se a dança Sevilhana, que tem expressões fortes e movimentos vigorosos, usando muito os braços e os pés. Para uma brasileira, às vezes estes movimentos se parecem duros demais. Automaticamente nos soltamos, com o gingado e o remolejo das danças brasileiras, onde usamos muito a sensualidade. Mas com muito treino e dedicação, podemos apresentar a dança de maneira autêntica.


Dançamos com saias largas e compridas e usamos sapatos especiais, com um retoque de metal na sola para fazer barulho quando tocamos o solo. Normalmente as dançarinas prendem seus cabelos e maquilam bem os olhos, procurando exibir uma expressão bem apaixonante e em sintonia com a melodia.

Infelizmente nosso curso tem tempo curto, já que nossa querida professora voltará para a Europa, mas tenho certeza que irá bem feliz por ter plantado no coração das latinas, aqui no Oriente, algo especial da sua rica cultura espanhola.


Não há fronteiras nem idade para o aprendizado. Sinto-me como uma adolescente, descobrindo outras alternativas e possibilidades para a vida. Quando realizo os exercícios com os pés, vejo o quanto necessitamos da nossa mente para dançar.

Acho que o flamenco é uma dança passional. Necessitamos representar para dançar. Precisamos nos desligar do mundo externo e deixar as emoções fluírem, embaladas pelas canções, algumas vezes nostálgicas e emotivas, mas sempre com muita paixão.


Ao dançar flamenco, precisamos despertar nossa concentração e coordenação motora, para que ao menos alguns passos e movimentos sejam dignos de se apresentar. Pensando bem, acho que a dança pode ser um bom exercício preventivo contra nosso amigo alemão, o tal do Alzheimer.

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