15.5.13

Festas latinas em Sandlândia


Como mulheres estrangeiras vivendo em Sandlândia, e apesar de termos uma vida muito limitada por aqui, preciso reconhecer que curtimos muitos momentos em festas, reuniões e almoços.

Se estamos entre amigas, ou ao menos colegas, nos entendemos só com o olhar. Já sabemos, miramos uma à outra, esperamos elegantemente e tin-tin! Apesar de me comunicar bem em inglês e ter iniciado agora o francês, sinto-me mais à vontade ao lado das amigas latinas, que falam espanhol nos encontros e nas festas. Por isto sempre menciono as latinas, na verdade, são minhas amigas da Bolívia, Venezuela e Espanha.

Precisamente nestes encontros, a boa compreensão dos assuntos conversados muitas vezes facilita e oferece algumas vantagens, principalmente quando queremos criar uma atmosfera mais próxima a que estamos acostumadas no Ocidente, mais relaxada... Sempre aproveito muito estas ocasiões com as latino-americanas. Solto meu portunhol e me faço entender.

Isto não acontece quando estou só com amigas árabes, ou com algumas outras estrangeiras, como por exemplo, algumas francesas e paquistanesas que também vivem no mesmo condomínio. Acho que elas realmente são fervorosas às regras. E, de um modo geral, as anfitriãs não fogem à regra com elas. A turma mais relax logo detecta quando há alguma birita caseira, elaborada a partir de suco de uva, a partir de um método que, infelizmente, não posso revelar. Aliás tenho que me policiar quando escrevo sobre muita coisa que acontece por aqui.

O álcool está proibido na Arábia Saudita, e ser encontrado bêbado pode causar graves problemas. Isto se deve à religião. O Islamismo impera no país e a leis são criadas respeitando seus mandamentos. O Islã é uma fé voltada para a comunidade. Não há lugar para o indivíduo fazer o que quer, se isso prejudica aos demais. No Alcorão os intoxicantes e o jogo são considerados abominações de Satanás e se ordena evitá-los.

O Alcorão é um livro de orientação enviado para toda a humanidade. É um conjunto de instruções do Criador para sua criação. Se seguirmos essas instruções nossas vidas serão fáceis e tranquilas, mesmo em face de desastre e desgraça (Alcorão 5: 90).

Na verdade, vejo muitas proibições decorrentes da religião, mas também vejo muito desrespeito ao ser humano. Vocês não imaginam como eles são loucos no trânsito. Não respeitam os sinais fechados e os limites de velocidade, tudo isto aliado à falta de eficiência na direção. Escreverei sobre isto num outro momento.


Minhas colegas venezuelanas, bolivianas e espanholas, além de uma de porto-riquenha, moram aqui pelos mesmos motivos: estão acompanhando os maridos que vieram a trabalho. A Venezuela é um grande país empreendedor da indústria petrolífera. Na atual crise, com o regime do ex-presidente Chaves, que segundo minhas amigas, desfavorecia à classe média, muitos engenheiros e projetistas optaram por exercer suas profissões aqui no deserto.

Meu marido é engenheiro eletrônico e trabalha numa empresa de petróleo europeia. Veio como chefe de uma equipe que está construindo uma refinaria de petróleo, na cidade considerada o maior polo petroquímico do mundo. Ele é uma pessoa muito competente e adora o que faz, tem um perfil humanista e é muito competente para lidar com seus funcionários, a maioria de origem indiana e filipina, que executam a parte mais dura do projeto. São eles que enfrentam o calor e as tempestades de areia no local da construção da refinaria.

As mulheres acompanham os maridos, mas sentem muito a diferença cultural. Gostam de se reunir muitas vezes, pelo menos uma vez ao mês, para não perder o costume latino de curtir uma boa comida e uma boa dança. Eu pego carona nestes embalos, quando estou cansada de organizar minhas próprias agitações no condomínio. Afinal, tudo acaba numa boa e com mesa farta, regada a comilanças e bebedeiras, uma pena que 99% seja sem álcool, mas com nosso jeitinho latino de ser, algumas vezes aparece um traguinho para acalentar a alma.

Saindo do nosso condomínio para outro lugar, privado também, para uma Festa Hippie Chic na casa da amiga boliviana.

As tortas sempre são lindas e deliciosas!

Criei esta cortina, que aparece atrás, para que as convidadas depositassem alguma colaboração em dinheiro. Enviamos o valor arrecadado para uma instituição boliviana.

 As músicas dos anos 70 nos embalaram...

 Decoração típica para a Festa Hippie Chic: minha amiga boliviana no comando!

Embaixo da abaya sempre levamos os trajes típicos para cada festa. 

Um brinde é sempre saudável! E com água com menta, para refrescar... 
E viva a Vida, em qualquer lugar por onde andemos!

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