11.2.11

Coisa de pele


Caí mesmo em tentação na semana passada. Também em contradição. Depois de ter me prometido que não iria gastar com coisas fúteis este ano, acabei mordendo a língua e comprando um casaquinho de pele com couro. Casaquinho? Imagina, como se o diminutivo fosse diminuir minha culpa...

Fui às compras para encontrar roupa esportiva, mas depois me perdi nos corredores de lojas de roupas espanholas bem coloridas, diferentes das quais estava habituada a encontrar nas vitrines belgas. Me chamou atenção um casaco (tipo colete), marrom, todo fofinho, feito com pele de coelho com um cinto, também marrom, de couro. Parecia que o danado sorria para mim. Fui dar mais uma olhada nos artigos, mas antes de subir para a ala esportiva me dei conta de que nunca tinha me atraído algo assim e pensei que deveria comprar aquele colete: seria um aviso?

Com a desculpa de aproveitar as liquidações, me conscientizando que outro igual em meu país custaria o dobro, sem contar que poderia ser falsificado, resolvi me juntar ao danado, ou melhor, juntá-lo ao meu guarda-roupa mais que eclético.

Saí do shopping com 5 sacolas, embora tenha ido apenas por uma. No caminho me peguei programando o discurso que iria fazer ao querido marido, superecológico e econômico sobre meu novo casaquinho de pele.

Quer saber? Resolvi mesmo foi dar uma boa namorada, deixá-lo feliz e amado, e depois apresentei os novos pertences. Para minha felicidade, ele fez pequenos comentários, e até um certo elogio, isso me tranquilizou a mente e deixei de pensar nos coelhinhos.

Guardei o casaco, junto com a vontade de usá-lo, sabe-se lá onde, sabe-se lá quando, sabe-se lá... Talvez, depois de incorporar melhor o espírito de "perua", era assim que denominava as mulheres que usam este tipo de roupa.

Esta foi a história da minha comprinha fútil, mas agora tenho que fazer minha mala para ir visitar Istambul. Imagina o que já estou indo pegar no armário? O casaco de pele, é claro, que rodará comigo pelas ruas encantadoras de Istambul.

Aliás, parece que meu espírito ecológico resolveu ser testado esta semana. Recebi de uma amiga um presente especial: outro casaco de pele que veio de Montana, nos EUA. Esta amiga queria retribuir a gentileza porque a acolhemos num momento difícil. Não hesitou em oferecer-me algo especial: o casaco tinha sido presente de uma tia querida. Fiquei um pouco desconcertada. Agradeci muito, mas depois fiquei pensando que este bichinho, ou melhor, que os bichinhos precisarão esperar um tempo para desfilarem comigo por aí. Os termômetros da Sandlândia não me permitirão tal exagero.

Fui salva pelo gongo!

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