6.6.12

Expatriadas

Como agora também sou uma expatriada em Sandlândia resolvi postar aqui um pouquinho das histórias de expatriadas que conheço

Por acompanhar o marido em projetos internacionais, vivo sempre uma expectativa quando chego num novo país. Aqui na Sandlândia ela foi um pouco maior, pois a cultura árabe é mesmo muito diferente da nossa latina e da europeia, a qual já estava vivenciando há 10 anos.

Mas, como sempre, encontramos pessoas afins em qualquer canto, em qualquer lugar. Com alegria encontrei muitas europeias e algumas latinas no condomínio em que vivemos (ou “compound” como eles chamam aqui). Eu que estava orgulhosa por já estar falando holandês, pois estudei 5 anos na Bélgica e é a língua materna do meu marido, precisei me virar com meu “bad english” e meu portunhol para me relacionar com as novas amigas.

Fico surpresa por entender quase tudo quando as francesas falam. Amo este idioma, mas na hora de falar não me arrisco, prefiro usar o inglês e espanhol que já estão bem mais lapidados em minha mente. Está sendo uma delícia este envolvimento com os idiomas, cada dia aprendo mais e me certifico de que não há barreiras quando nos deparamos com a necessidade de superar as dificuldades. Bom, acho que minha personalidade me ajuda muito nesta hora, não tenho vergonha de me expressar e a comunicação nunca foi um problema para mim, mesmo sabendo que em outros idiomas de vez em quando devo soltar algum “mim quer bananas”.

Claro que meus melhores contatos são com as venezuelanas, bolivianas e brasileiras que encontro por aqui, mas estou amando me relacionar com as francesas e com as americanas também, apesar delas não se misturarem muito.

Somos limitadas a algumas coisas, pelas leis do país, como por exemplo não poder dirigir, sair do condomínio só com o motorista ou com o marido, usar a Abaya (roupa típica para as mulheres) que é um manto negro que com o sol de 46º pode nos assar e por a Sandlândia nao ser um país turístico. Então não há tantas opções para estarmos fora do nosso “compound” que se assemelha muito a um resort. Passamos a maior parte do tempo criando programas, curtindo academia, praia, piscina e jardins lindos que nosso lar nos oferece.

Ficar sossegadinha para mim é um tanto difícil. Desde que cheguei na Sandlândia, programei e organizei alguns eventos. Já fiz uma festa brasileira, apresentando um pouco da nossa cultura e culinária, cursos de culinária, encontros na praia para trocas de experiências, aulas de violão on line, entre outras peripécias. Tenho percebido que já não conto os dias para partir, vivo cada dia intensamente, tentando tirar proveito de todos os aprendizados, de todos os contatos com as novas colegas e amigas e registrando quando me sobra um tempinho algumas passagens para em algum tempo ou em algum lugar dividir com os que me acompanharem.

Tenho procurado também o contato com as nativas, apesar de ser algo mais distante por aqui, pois elas são proibidas de entrar no nosso “compound”. As encontro em casas de amigas estrangeiras que vivem em Sandlândia há muito tempo e por isto já se relacionam um pouco mais com as sandilanesas. Elas normalmente estão mais em suas casas, a cuidar dos filhos, fazer suas orações e preservando a cultura. Felizmente conheci a K., uma simpática e espontânea mulher que me mostrou muita coisa interessante de sua cultura. Vou detalhar para vocês em outro post. Sou muito feliz por ter conseguido fazer uma amiga nativa, em meio a esta cultura tão fechada e ter podido mostrar a ela um pouquinho da nossa cultura também, pois imagino que a viagem mais longa que lhe foi permitida fazer foi ir a capital de Sandlândia.

Deixo algumas fotinhas por aqui e termino, pois vou agora para uma aula de culinária do Paquistão.

 










Continuar lendo ››

1.5.12

Dubai



De passagem pelo Oriente, acompanhando o marido que está a trabalho no projeto de uma refinaria de petróleo em Sandlândia, não poderia deixar de visitar os países taxados como “exóticos” para muitos. Ao conversar com amigas, todas me perguntavam se vivia por lá, ou se já tinha conhecido a cidade. Vivemos em um cidade cujo nome se assemelha a Dubai, mas é uma cidade da Sandlândia e não nos Emirados, como Dubai.

Como sempre tentamos fazer para comemorar nossos aniversários, eu e o maridão viajamos para Dubai para comemorar seus 50 anos.

Nosso filhote Enzo, ficou na casa de um amiguinho francês. E lá fomos nós rumo à luxuosa Dubai. Tínhamos programado uma viagem simples, nada ostentador, o que fica difícil quando se fala de Dubai.

Adoramos visitar o lado velho das cidades, conhecer a cultura original e as tradições, o que não se divulga muito no turismo de Dubai. Fizemos nosso roteiro aleatório e deixamos rolar.

Depois de um voo tranquilo, de 1 hora e meia, chegamos ao nosso hotel de metrô. Adoramos este meio de locomoção, e o de Dubai é maravilhoso, limpíssimo e elegante.

Infelizmente o Hotel não era grandes coisas, contradizendo os outros maravilhosos que visitamos, mas para dormir e banhar-se estava ótimo. Não fomos em busca de requinte na hospedagem e sim de ver o que a cidade oferecia.

De cara fomos conhecer o gigante Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo, com 828 metros e 164 andares. Curti muito o visual bombástico e o luxuoso shopping Dubai Mall, o maior do mundo, com 1.200 lojas. De lá ganhei meu bracelete de 3 ouros, que meu querido me presenteou quando visitávamos o Gold Souk, um lugar belíssimo.

No final da tarde, meu marido que esta amando fotografar, resolveu curtir a hora dourada e fez lindas fotos, inclusive da dança das águas nas fontes, ao redor destes lugares que mencionei. Um lugar encantador, com vários restaurantes e lojas de artigos orientais.

Escutar Andrea Bocelli curtindo a iluminação nas fontes de águas cristalinas, com uma atmosfera acolhedora, foi uns dos melhores momentos em Dubai. Claro que saímos dali e fomos jantar no Mango Tree, para degustar o melhor vinho dentro da própria adega, sofisticadíssima. Me fez recordar a Sandlândia, onde vivo sob a lei seca, sem bebida alcoólica, no entanto por horas fiquei viajando naquele mundo exótico e degustativo.Tudo de bom o restaurante Mango tree. Mas é preciso fazer reservas.

Exploramos o Dubai velho, com suas ruas estreitas, seus trabalhadores com caras cansadas, o porto que retrata o velho tempo, e mostra a simplicidade dos marítimos. A maneira bizarra de se encher um barco de transporte, sem aqueles guinchos enormes das marinas modernas. Foi muito bom sentir e presenciar esta atmosfera mais real da cidade. Enquanto muitos correm atrás da tecnologia para levantar prédios impressionantes, existem ao lado pessoas levantando sacos, latões e muito mais coisas, com seus braços firmes e suas cabeças erguidas, cobertas pela fé.

Foi interessante, mas ao mesmo tempo é triste perceber estas discrepâncias sociais. Às vezes me dói a barriga por aqui, quando me lembro de tantos miseráveis na Índia, Etiópia e até mesmo no Brasil. Como seria bom se o queijo fosse melhor repartido.

Visitando o velho Dubai, não poderia deixar de fazer minhas comprinhas, mas desta vez me dei mal. Íamos fazer uma caminhada ao redor do Creek, canal que divide a cidade, porém eu tinha comprado simplesmente 8 trajes para dança do ventre. Sempre penso em presentear a família ou amigas, só que estas roupas, com tantos penduricalhos, pesavam muito, fiquei exausta por carregá-las. Prometi nunca mais ficar fazendo comprinhas para levar ao Brasil, mas sei que esta é uma promessa difícil de cumprir. Por onde ando libero meu lado Mamãe-Noel e não poupo minhas economias com souvenires que normalmente me rendem malas e excesso de bagagens nas viagens ao Brasil.

Animados em explorar a cidade a pé, paramos no Museu Islâmico da Escrita, no Museu de Arquitetura e num restaurante típico e popular, que fugia daquele glamour que sempre vemos nas publicidades sobre Dubai. Foi ótimo, e nos transportou à cenas de cinema, com uma atmosfera tão exótica e original.





Foi uma viagem inesquecível e o aniversário do meu companheiro de vida foi muito bem comemorado.
Continuar lendo ››

29.3.12

Escapadas para carregar a bateria



Realmente como eu esperava, a pensão da Tia Valeria na Arábia Saudita está em baixa. Sandlândia não é um país considerado turístico e há dificuldade de se obter visto. Nós temos visto de trabalho conseguido através do empregador do meu marido. Só conseguiríamos facilitar visto para parentes diretos como mãe, pai e filhos. Por aí já dá para perceber que nossa casa está sossegada. 

Fora os encontros e festas que organizo com os novos amigos que encontrei por aqui, aproveitamos os dias de férias escolares do filhote para sair pelo mundo afora a ocupar as pensões de amigos e da família. 

Férias de Páscoa? Nada melhor do que ir degustar um chocolate belga. Visitar a família do Joris, meu amado belga, rever amigos que deixamos nos oito anos em que lá vivemos e saborear a culinária e os drinks europeus. 

A alimentação nunca foi um problema para nós em outros países. Não sou aquele tipo de brasileira que não vive sem feijão com a arroz. Procuro sempre me adaptar ao cardápio e à culinária local. Mas confesso que já estou um pouco enjoada dos temperos fortes que encontramos por aqui. A cozinha local tem influências das cozinhas iraniana, indiana e filipina. 

Minha boca enche da água pensando que dentro de pouco estarei na belíssima sala de jantar da minha cunhada na Bélgica e saborear o menu preparado por seu marido que nos apresentará no almoço de Páscoa... Hummm. Ele é um advogado apaixonado e gourmet, que faz parte de um clube masculino de culinária na França. 

Me divido entre encontros familiares e com os amigos brasileiros queridos que ainda vivem por lá. Uma amiga organiza uma festa em sua casa para me receber e ali encontrarei dezenas de amigos que deixei. Com outro grupo querido, curtirei um restaurante espanhol que adoro, com certeza secaremos umas jarras de sangrias assim como nossas bocas colocando o papo em dia. Com a família celebraremos a Pascoa e o aniversário da minha sogra. Com um professor de violão reciclarei meus conhecimentos e arranharei acordes da nossa saudosa música brasileira, para colocar em prática em Sandlândia. 

Realmente tenho que ter energia para dar conta de tudo isto em apenas cinco dias. Coisas de Valeria. Como diz minha mãe, parece que o mundo vai acabar amanhã. Não que seja verdade, mas temos que tirar proveito de cada dia, temos que viver o dia de hoje como se fosse o último dia, viver o aqui e agora. Este é meu mantra!
Continuar lendo ››

29.2.12

Festa de 50 anos do maridão

Como boa festeira que sou, sempre organizando festinhas para os amigos, família, colegas, enfim, para quase todo mundo, não poderia deixar de organizar algo para meu querido companheiro, nos seus 50 anos de vida, muito bem vividos, diga-se de passagem. Apesar das limitaçães, como por exemplo, a ausência da família e dos amigos dos velhos tempos, a impossibilidade de brindar com champanhe ou com uma caipirinha, bebida favorita dele, e de outras facilidades que encontramos no mundo ocidental, deu certo. Objetivei e fui atrás de coisas para alegrar uma galera de expatriados aqui na Sandlândia e celebrar o cinquentão do Joris.  

 

Comprei tecidos lindos e fiz uma decoração dourada, como seus 50 anos. Obtive ajuda das amigas latinas para elaborar os quitutes. Fizemos um buffet sortido de culinária latina, europeia e oriental. Foi satisfação total, não sobrou nada. Fiz um painel de fotos gigante, desde seu nascimento até hoje, que o surpreendeu muito, pois sou zero em coisas técnicas no computador. Encontrei uma amiga espanhola que topou ser a dj da festa e animou a galera das 7 da noite a 1 da manhã. Tudo isso sem drinks alcoólicos. 



No final, o contentamento de ver os olhos do Joris brilharem de alegria e a satisfação em celebrar seus 50 anos num lugar distante, trabalhando num projeto importante, mas rodeado de novos amigos, valeu a pena. 

Os franceses, venezuelanos, brasileiras e até os sandlaneses com certeza não esquecerão de um tal dia 22 de fevereiro em Sandlândia, que teve até carnaval brasileiro, em comemoração das bodas do belga. 



Continuar lendo ››

22.2.12

Aulas de culinaria

O fascínio pela culinária me acompanha desde meus 8 anos, quando acompanhava minha mãe na cozinha.

Minha batalhadora mama, junto com minha falecida tia, tinham uma cantina de escola. Além de ajudá-las a fazer as deliciosas guloseimas, bolos, pasteis e tortas que nutriam o lanche da molecada no intervalo da escola, eu também trabalhava na cantina. Ajudava a vender os produtos e não me lembro de ter tido na fase escolar um recreio completo. Estava sempre a servir meus colegas, professores e a criançada que nos deixava louca para comprar um pedaço de bolo de cenoura com chocolate, um farto pedaço de torta de coco, um cachorro-quente com molho de tomates fresquinhos acompanhados pelo famoso guaraná e a Fanta Uva, bebidas que refrescavam a garotada.

Deixando esta nostálgica época escolar de lado, retorno a cozinha da minha mama. Ai que cheirinho gostoso exalava! Quando ela preparava o peixe fresquinho que meu pai trazia de sua pescaria de cada dia. A sirizada carregava o ar de um odor adorável de mar e coentro que me persegue até hoje.

Já me arrisquei, aqui do outro lado daquele mundinho em que vivi felizmente com meus pais, a tentar sentir o mesmo cheiro, comprando siris do Golfo Pérsico e os refogando com muito coentro. Até que não ficou mal minha sirizada, foi bem degustado por muitos que a adoraram, mas ainda faltou aquele toque especial que só sabe dar minha querida mama Laurita.

Sempre saudadosa da nossa culinária, dos nossos condimentos e pratos típicos, por onde passo organizo e participo de aulas de culinária. Às vezes somente organizo encontros para degustação.

Procuro sempre deixar um pouquinho da nossa cultura em todo país por onde vivo. Me encanta esta troca de culturas.

Na Bélgica organizei classes num clube de culinária só para homens. Foi umas das experiências mais bizarras que tive com este tipo de evento. Em nosso país os homens não têm o hábito de ir para cozinha, embora este comportamento já esteja mudando ultimamente.



Amei ser observada com disciplina e interesse por 30 homens que não falavam meu idioma e que tinham interesse em saborear nossos pratos típicos, em aguçar o paladar para algo que nos fazia ultrapassar os clichês e ser mais do que futebol, mulheres de bundas bonitas e samba.

 

Neste dia, depois de começar o curso com a preparação do nosso aperitivo predileto, a caipirinha, degustaram e respeitaram o simples, mas agradável sabor da nossa culinária.

Além de vários encontros, não só com alunos homens, participei também de um livro de culinária editado na cidade em que morávamos, com uma receita de camarão na moranga, típico da região em que nasci, no litoral norte paulista.








Na Espanha, levei nossa culinária ao encontro multicultural da escola internacional do meu filho. Junto a outros brasileiros, apresentamos nossa deliciosa picanha, foi a barraca mais frequentada da festa. 

Participei de um curso da cozinha tailandesa, com uma turma de amigas muito lindas e agradáveis.





Continuar lendo ››

4.11.11

Qatar-Doha


Temos um feriado longo aqui na Sandlândia. Uma semana onde os muçulmanos celebram o Eld. Todas as empresas praticamente param, e por isso resolvemos aproveitar para sair um pouquinho e conhecer os países vizinhos. Começaremos por Qatar, para fazer safari no deserto e navegar em barcos tradicionais.

Na foto acima, o Museu Islâmico. 


 Foto tirada no porto de Qatar, ao fundo a cidade moderna. 



Cenário comum na cidade, homens bebendo chá em pleno horário comercial, não sei qual será o horário de trabalho.



Objeto muito valorizado na cultura. Pude ver algumas lindas, bem trabalhadas artesanalmente.


Já que elas não podem mostrar a pele, as grifes mais famosas são apresentadas nas bolsas que elas exibem com orgulho.



Hotel Intercon, com prainha especial para crianças. 



Vocês podem estar se perguntando, qual delas é minha esposa?


Visão desde o barco.



Museu Islâmico, à noite. 



Amamos o safari no deserto, com aventuras mesmo e lindas paisagens. 



Escultura na rua de Katara, centro cultural. 



Limitação nas roupas, mas sempre tentando chegar perto de um prazer...



Continuar lendo ››

31.10.11

Esportes!

Aos longos destes 4.4 anos de vida sinto-me feliz por ter tido a oportunidade de nascer numa família que adora esportes. Recordo-me que desde criança ia para os jogos de futebol do time que meu pai dirigia e no qual meu irmão jogava. Aos 8 anos comecei na natação. Fui atleta federada e representava minha cidade em campeonatos na capital. Treinava no clube da Petrobras de São Sebastião, o Tebar, e por lá passei minha juventude.

Aos 13 iniciei no Volleybol, conciliando os treinos dos dois esportes e a escola. Me destaquei e era conhecida como Lela paralela. Tinha braços longos e estatura esguia para minha faixa etária, isso me permitia cravar nos 3 e na paralela da quadra. Que época maravilhosa e saudável.



Com o decorrer do tempo, tive que assumir mais profundamente os estudos e a batalha para poder pagá-los, já que precisei trabalhar desde muito jovem. Assim me fui afastando dos treinos, mas nunca por completo. Sempre que tinha oportunidade jogava nos torneios de praia, aos fins de semana e depois do curso universitário ingressei no time veterano da minha cidade. Talvez precocemente, mas era lá que me sentia a vontade para me soltar em quadra e relaxar a mente, sempre cansada com a batalha do dia-a-dia dos estudos e do trabalho.

O frescobol foi, e ainda, é um esporte alternativo que adoro, uma atividade que não me exige treino e só me traz contentamento e dor no bumbum, resultado dos agachamentos necessários para se ter uma boa sintonia com o parceiro e a bola. Também me permite pegar um bronzeado em dia de sol. Em conjunto com o frescobol, me liguei ao surf. Graças a uma amiga querida, Regina Santos, a Nininha, pioneira do bodyboard em nossa cidade São Sebastião. Treinávamos muito nas ondas de Guaecá e Maresias. Fomos patrocinadas por grandes empresas de surfwears, participamos de campeonatos em outros estados, principalmente no sul do país, e mantínhamos nosso corpo saudável e elegante, com muito prazer.

Para minha formação de psicóloga do esporte, ingressei no mergulho livre. Necessitava conhecê-lo melhor para entender as fobias e pânicos que o atleta pode vivenciar embaixo da água. Foi um esporte inesquecível, uma experiência única que realizava na Ilhabela, hoje em dia famosa por esporte náuticos. Com o início da carreira profissional não sobrou mais tempo para desfrutar do esporte que ainda pretendo reativar em minha vida.

Casando-me com um marido esportista e naturalista, não podia deixar de lado a prática esportiva, apesar dos esportes preferidos de meu amado serem bem diferentes dos de meu agrado, mas lá fui eu ter contato com o ar, tirar os pés do chão e voar de paraglider. Fiz o curso com um instrutor muito competente e decolei pela primeira vez no Morro do Guaecá, a praia onde década atrás eu deslizava nas ondas, fui experimentá-lo do alto. Foi mágico, e me deu uma sensação de inteireza e capacidade, mas não era o que eu levaria pela frente como esporte. Acompanhei meu marido que se tornou atleta fiel ao voo livre. Estivemos em montanhas gigantescas na França, Alemanha, Suiça e até mesmo no Brasil, mas o acompanhei apenas com minha máquina fotográfica, registrando os momentos de prazer e contemplação do meu marido que é apaixonado por este esporte.

Como na Bélgica, onde vivemos por 8 anos, não existe montanhas que favoreçam a prática do esporte, a maior acho que tem 300 metros e deixa a desejar para os gliders, esta atividade foi diminuindo em nossa rotina, dando vez então ao novo esporte que se tornou um hobby, o ciclismo.

Joris com seus interesses por ecologia e tecnologia, encontrou algo que satisfazia seu desejo de estar ativo e preservar a natureza. Encontrou em uma exposição na Alemanha o Velomobiel, uma bicicleta bem diferente, com 3 rodas e uma cabine, que permite pedalar sem se molhar na chuva e nos dias branquinhos de neve do inverno. Ele comprou uma e a adaptou com acessórios técnicos, como GPS, luzes, buzina... Enfim, parecia um carro, mas com funcionamento mecânico, dependendo só das nossas pernas para ganhar vida.


Foi então que começamos a fazer viagens de bicicleta. Fomos da Bélgica a Holanda, França e quase chegamos a Espanha. Como estes percursos dependem de tempo, ficamos limitados aos dias de férias e deixamos em nossos planos, terminar a viagem a Santiago de Compostela. Um dias desses ela sai.

Meu recorde foram 800 km numa semana com o velomobiel. Mas meu querido esportista Joris pedalava 75 km diários para ir ao trabalho, com isto fez 12.000 km, antes de vendê-lo tristemente quando nos mudamos para Espanha. Madrid é uma cidade que não possuí ciclovias e representava um risco para sua vida manter o hábito de ir ao trabalho de bicicleta como fazia na Bélgica.

Para não nos despedirmos de vez da prática ciclista, adquirimos um triker, que trouxemos para a Sandlândia na mudança, mas ele não foi bem recebido aqui por nossos seguranças e tivemos que enviá-lo para o Brasil.

Com minha preocupação e dor no coração, Joris pedala por nossa cidade sem ciclovias, mas somos felizes por perceber que o povo brasileiro começa a reconhecer a importância e o valor deste meio transporte. Sigo aqui acreditando que uma hora dessas as ciclovias seram implantadas por todos os lados do nosso lindo Brasil.

Joris, apesar de trabalhar com petróleo, afirma que o velomobiel, tal como as bicicletas, serão o transporte do futuro. O pretinho poderoso está com seus anos contados.

Agora que vivemos em Sandlândia, país onde a mulher tem menos ou quase nenhuma liberdade de expressão, não posso ir para a rua de bicicleta com roupa esportiva, não posso sair para dar uma corridinha no parque, a não ser que o faça com a abaya (tipo burka), que só vai me permitir uns bons tombos. Então resolvi praticar no condomínio onde moramos, onde posso andar à vontade, com roupas mais adequadas para este calor danado que sempre faz, o SUP Stand up. Trata-se de uma prancha de surf grande que te leva onde você quiser desde que tenha um pouco de força nos braços e equilíbrio. Estou adorando o novo esporte e treinando para nas férias de julho no Brasil remar com uns amigos caiçaras do canal de São Sebastião até a Ilhabela, cerca de 12 km, ida e volta. Será mais uma aventura para contar aos meus netinhos. Pelo jeito meu maridão aventureiro também, porém não tão radical, já que irá nos acompanhar nadando. Ele tem este objetivo há tempos. Vamos deixar rolar e aguardar as férias para desfrutar.

Atualmente remo na prainha do condomínio e jogo volley com os amigos de trabalho do Joris. Apesar de ser a única mulher, me sinto orgulhosa por ainda poder soltar uma paralela de vez em quando...


Continuar lendo ››

10.10.11

Velomobiel




Este foi mais um dos brinquedinhos do Joris.  Meu marido, superecológico e tecnológico, resolveu comprar um velomobiel para ir trabalhar.

A cada dia pedalava 70 km e assim economizava combustível, fazia esporte e se livrava dos engarrafamentos de nossa casa até Antwerpia, onde trabalhava.

O Velomobiel é um protótipo alemão, que tem o preço de um carrinho popular. É totalmente mecânico e meu homem simples do Norte o deixou bem equipado, com luz led, GPS, buzina, enfim, ficou uma beleza, não tinha quem não o namorasse.

Joris andou 14 mil km em um ano de uso na Bélgica. Ficou muito triste quando precisou vendê-lo, por ocasião de nossa mudança para a Espanha. Seu chefe o queria em vida por lá, e temia pelo uso do velomobiel numa cidade como Madrid em que, infelizmente, ainda há poucas ciclovias e os motoristas não respeitam os ciclistas.

Mas antes de vendê-lo fizemos uma viagem pela Bélgica, Holanda e França. Juntos percorremos a metade do caminho de Santiago de Compostela, fizemos cerca de 700 km em uma semana. Foi uma viagem encantadora, apesar de muito cansativa. Temos planos para um dia terminar o caminho, de bicicleta ou caminhando. 








Continuar lendo ››