14.2.13

Preparando-me para conhecer o mundo (1)

As coisas sempre acontecem de maneira repentina em minha vida. Nunca menciono que foram “do nada”, pois acredito que “nada acontece por acaso”.

Recordo-me de ter iniciado os estudos budistas ainda quando era jovem. Acreditava na lei de causa e efeito. Isto me levava a crer que um dia iria encontrar muitas coisas boas por meu caminho, me reconhecia como uma boa pessoa: solidária e prestativa com todos. Sonhava em ter uma formação profissional que me favorecesse o contato com o ser humano. Queria ser dentista, talvez por ter trabalhado como assistente odontológica em meu primeiro trabalho oficial, ainda na adolescência. No final acabei indo cursar Psicologia, profissão que exerci por muitos anos com muito amor, antes de atravessar o Atlântico para viver com meu marido em outro país.

Minha infância foi marcada por momentos tristes e desanimadores por causa de algumas dificuldades familiares. Minha mãe, com muita força e coragem, enfrentou a situação e nos ensinou a ir à luta, mesmo que isto nos tenha custado pular uma fase da vida.

Não me lembro das brincadeiras com bonecas, de escutar um conto lido por meu pai ou de me reunir com amigas para brincar como realmente brincavam as crianças. Mas lembro-me de estar atrás de um balcão, numa cantina de escola, a mesma que eu estudava, e de vender bolos, salgadinhos e lanches deliciosos feitos por minha mãe e minha tia. Juntas elas tiveram por 15 anos a cantina desta escola.

Minhas amigas de classe combinavam na aula as brincadeiras para a hora do recreio, mas eu nunca podia participar, pois tinha que trabalhar para ajudar minha mãezinha querida. Foi com este trabalho que ela conquistou sua tão sonhada casa, nosso lar, com muito sacrifício nesta empreitada.

Orgulhava-me disto, mas no fundo também havia um pouco de tristeza, porque me sentia inferior quando escutava as amigas comentando sobre as riquezas de seu dia-a-dia. Não cultivei este sentimento por muito tempo em meu coração, decidi deixar a vida me levar. Deixei as coisas acontecerem naturalmente, pois no fundo sabia que iria chegar a algum lugar, que aquele tempo duro logo se transformaria e me traria mais contentamento.

Entre o trabalho na cantina, os estudos e os esportes que sempre gostei de fazer, resolvi encontrar uma maneira de me permitir usar roupas mais bonitas, fazer passeios e tomar o sorvete no fim de semana, coisas que minha família, no árduo trabalho para a sobrevivência, não me podia permitir.

Comecei a juntar jornais velhos e caixas de ovos para vender aos feirantes da minha cidade: naquela época, não se usavam sacos plásticos e a feira era na rua da nossa casa. Passava a semana visitando os vizinhos para pedir os jornais e as caixas de ovos vazias. Na sexta acordava às 5 da manhã para levá-los aos feirantes que me pagavam com moedas que me faziam sonhar com o sorvete de domingo.

Não demorou muito tempo e um dos feirantes me ofereceu trabalho em sua barraca. Lá fui eu vender frutas e legumes. Minha mãe no fundo não gostava daquela situação, mas sabia que aquilo me fazia bem, então me deixou trabalhar algumas horas com os feirantes, mas logo tinha que voltar para casa para ajudá-la e estudar.

Foi neste meio de trabalho que também ofereceram um carrinho de churros para minha mãe e ela resolveu colocá-lo na porta de nossa casa para a venda de churros. Na nossa rua passavam os estudantes depois da escola, e ali meus colegas de classe me encontravam também, ajudando minha mãe a vender seus deliciosos churros e a engrossar a verba da família.

O tempo foi passando, meu pai chegava em casa bêbado a cada mês que terminava, com o bolso vazio. Ele não era de todo ruim, pois dividia a maior parte de seu salário com minha mãe para os custos da família, mas o que sobrava ele gastava com a bebida. Bebia tudo no buraco da onça, um bar popular em nossa cidade, e com certeza pagava também as branquinhas para seus amigos. O dia que seu time de futebol de coração perdia, ele quebrava a televisão ou o rádio. Lembro-me disso ter acontecido várias vezes... E minha mãe tinha que trabalhar ainda mais para comprar uma nova e repor a quebrada, ao menos para se permitir o prazer de assistir a novela das oito.

Com 14 anos comentei com minha mãe que gostaria de ter um trabalho mais digno, queria ser secretária, trabalhar num banco ou algo assim, foi então que meu pai conversou com um amigo dentista e me conseguiu um trabalho de auxiliar odontológica. Trabalhei por dois anos e meio neste consultório, recebendo menos que um salario mínimo, sem carteira assinada, porque era menor de idade. Trabalhava à tarde e estudava pela manhã. Coitadinha da minha de mãe, precisou encontrar outra ajudante, já que meu irmão tinha vergonha de ajudá-la na cantina, mas ela conseguiu com minha tia e alguns primos se virar bem sem minha ajuda. E me fez feliz porque pude conhecer outros trabalhos e pessoas, e assim amadureci para a vida que me chamava.

Por ser muito batalhadora e correr atrás para ajudar minha família e a mim mesma, era muito perseguida por meu pai e meu irmão, que não entendiam minha audácia de ir à luta, de querer conhecer mais, de querer participar mais na sociedade, de ir à festas, fazer viagens, enfim, de querer descobrir o mundo. Nesta fase me senti muito repreendida por eles. Decidi que quando fizesse 18 anos sairia de casa e buscaria meu lugar ao sol, longe das rédeas familiares.

Este período foi um pouco conturbado, me fez amadurecer e acreditar em meus sonhos. Criei forças para conquistar uma graduação escolar e também para apagar de minha mente a frase que um dia escutei da minha mãe: “filho de pobre não faz faculdade”. Ainda bem que, ao menos para mim, não foi verdade.

Tudo isto foi muito importante para me dar um empurrão para a vida fora da minha cidade, que era muito pequena e não oferecia bons cursos ou trabalhos para os jovens. Talvez se tivesse conseguido tudo com facilidade, teria estacionado por lá até hoje. Não teria descoberto tanta coisa que me transformou, que lapidou minha personalidade e que me fez ser mais interessada por outras culturas, outros idiomas e muitas coisas mais que me levaram até onde estou hoje.

Você aos pouquinhos, de post em post, descobrirá um pouco destas passagens da minha história.

Esta é uma das poucas fotos que tenho da minha adolescência. Naquele tempo minha família não tinha máquina fotográfica. Esperávamos um fotógrafo da capital passar para fazer fotos e registrar algumas famílias. Esta foi tirada para a carteirinha do grupo escolar. Na época, detestava meu cabelo curto, e sofri muito bullying com ele, hoje em dia tenho cabelo longo e lindo, que cuido com muito carinho

Esta foi uma das medalhas que conquistei na equipe de natação do município, mas a minha maior medalha foi ter conquistado o direito de treinar no clube onde só entravam os filhos dos funcionários da Petrobras. Ultrapassei mais um preconceito, pois era filha de um funcionário público. Batalhei e consegui com muitos treinos uma carteirinha de sócia-atleta do Tebar Praia Clube. Sinto orgulho por ter cooperado com algumas medalhas não só na natação, mas no voleibol e no tênis também, no clube da minha cidade.
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14.6.12

Incentivos na primeira fase do blog

Recebi esta semana uma mensagem supercarinhosa, que lapidou minha pessoa e me faz seguir orando ao nosso criador para que eu continue polindo minha essência com humildade e confiança.

Obrigada querida Marcinha, grande pessoa, profissional, mãe e mulher.

E por estas e outras razões que me sinto realizada e plena de amor e carinho, emanados à distância, que penetram no íntimo e me fazem recordar que amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito. Você esta gravada Marcia, assim como uma dúzia de outros amigos especiais.


Adorei seu blog. Esta é uma homenagem para você:

Querida Valéria, daqui a pouquinho daqui a pouquinho seremos sessentonas, setentonas, e por aí vai... E a primeira impressão que tive ao te conhecer, vai estar presente sempre: foi de medinho de perder um segundo sequer do que você apresentava como pessoa, eu não entendia aquela luz enorme, porém, o coração aceita e adora sem explicações, e foi assim que eu te admirei e adorei a sua amizade, a sua majestosa e generosa improvisação, sempre genial, a sua capacidade de não somente viver ancorada no presente, como tornar o presente um presente para quem te rodeia. Se alguém algum dia me perguntar se conheço a Valéria, eu vou lembrar de quanta sorte eu tive no momento em que nos conhecemos, na alegria que senti cada vez que te encontrava, nas risadas que juntas rimos, nos quitutes que Valéria criava, nos passeios, nas festas, aqui e ali é a Valéria agitando, animando, trazendo risos e colecionando amigas, que imagino, se sentem como eu, gratas pelo imenso carinho trocado.

Para uma pessoa maravilhosa desta, rara, pérola rara e de total brilho, a palavra obrigada é pouco, a frase seja sempre feliz talvez seja mais satisfatória, tenho um sentimento de amizade por você querida Valéria, que, é eterno e terno, pleno de carinho.

Beijo,
Marcinha


Foto do nosso último encontro na Bélgica, ela me presenteando com um belo livro.
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6.6.12

Expatriadas

Como agora também sou uma expatriada em Sandlândia resolvi postar aqui um pouquinho das histórias de expatriadas que conheço

Por acompanhar o marido em projetos internacionais, vivo sempre uma expectativa quando chego num novo país. Aqui na Sandlândia ela foi um pouco maior, pois a cultura árabe é mesmo muito diferente da nossa latina e da europeia, a qual já estava vivenciando há 10 anos.

Mas, como sempre, encontramos pessoas afins em qualquer canto, em qualquer lugar. Com alegria encontrei muitas europeias e algumas latinas no condomínio em que vivemos (ou “compound” como eles chamam aqui). Eu que estava orgulhosa por já estar falando holandês, pois estudei 5 anos na Bélgica e é a língua materna do meu marido, precisei me virar com meu “bad english” e meu portunhol para me relacionar com as novas amigas.

Fico surpresa por entender quase tudo quando as francesas falam. Amo este idioma, mas na hora de falar não me arrisco, prefiro usar o inglês e espanhol que já estão bem mais lapidados em minha mente. Está sendo uma delícia este envolvimento com os idiomas, cada dia aprendo mais e me certifico de que não há barreiras quando nos deparamos com a necessidade de superar as dificuldades. Bom, acho que minha personalidade me ajuda muito nesta hora, não tenho vergonha de me expressar e a comunicação nunca foi um problema para mim, mesmo sabendo que em outros idiomas de vez em quando devo soltar algum “mim quer bananas”.

Claro que meus melhores contatos são com as venezuelanas, bolivianas e brasileiras que encontro por aqui, mas estou amando me relacionar com as francesas e com as americanas também, apesar delas não se misturarem muito.

Somos limitadas a algumas coisas, pelas leis do país, como por exemplo não poder dirigir, sair do condomínio só com o motorista ou com o marido, usar a Abaya (roupa típica para as mulheres) que é um manto negro que com o sol de 46º pode nos assar e por a Sandlândia nao ser um país turístico. Então não há tantas opções para estarmos fora do nosso “compound” que se assemelha muito a um resort. Passamos a maior parte do tempo criando programas, curtindo academia, praia, piscina e jardins lindos que nosso lar nos oferece.

Ficar sossegadinha para mim é um tanto difícil. Desde que cheguei na Sandlândia, programei e organizei alguns eventos. Já fiz uma festa brasileira, apresentando um pouco da nossa cultura e culinária, cursos de culinária, encontros na praia para trocas de experiências, aulas de violão on line, entre outras peripécias. Tenho percebido que já não conto os dias para partir, vivo cada dia intensamente, tentando tirar proveito de todos os aprendizados, de todos os contatos com as novas colegas e amigas e registrando quando me sobra um tempinho algumas passagens para em algum tempo ou em algum lugar dividir com os que me acompanharem.

Tenho procurado também o contato com as nativas, apesar de ser algo mais distante por aqui, pois elas são proibidas de entrar no nosso “compound”. As encontro em casas de amigas estrangeiras que vivem em Sandlândia há muito tempo e por isto já se relacionam um pouco mais com as sandilanesas. Elas normalmente estão mais em suas casas, a cuidar dos filhos, fazer suas orações e preservando a cultura. Felizmente conheci a K., uma simpática e espontânea mulher que me mostrou muita coisa interessante de sua cultura. Vou detalhar para vocês em outro post. Sou muito feliz por ter conseguido fazer uma amiga nativa, em meio a esta cultura tão fechada e ter podido mostrar a ela um pouquinho da nossa cultura também, pois imagino que a viagem mais longa que lhe foi permitida fazer foi ir a capital de Sandlândia.

Deixo algumas fotinhas por aqui e termino, pois vou agora para uma aula de culinária do Paquistão.

 










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1.5.12

Dubai



De passagem pelo Oriente, acompanhando o marido que está a trabalho no projeto de uma refinaria de petróleo em Sandlândia, não poderia deixar de visitar os países taxados como “exóticos” para muitos. Ao conversar com amigas, todas me perguntavam se vivia por lá, ou se já tinha conhecido a cidade. Vivemos em um cidade cujo nome se assemelha a Dubai, mas é uma cidade da Sandlândia e não nos Emirados, como Dubai.

Como sempre tentamos fazer para comemorar nossos aniversários, eu e o maridão viajamos para Dubai para comemorar seus 50 anos.

Nosso filhote Enzo, ficou na casa de um amiguinho francês. E lá fomos nós rumo à luxuosa Dubai. Tínhamos programado uma viagem simples, nada ostentador, o que fica difícil quando se fala de Dubai.

Adoramos visitar o lado velho das cidades, conhecer a cultura original e as tradições, o que não se divulga muito no turismo de Dubai. Fizemos nosso roteiro aleatório e deixamos rolar.

Depois de um voo tranquilo, de 1 hora e meia, chegamos ao nosso hotel de metrô. Adoramos este meio de locomoção, e o de Dubai é maravilhoso, limpíssimo e elegante.

Infelizmente o Hotel não era grandes coisas, contradizendo os outros maravilhosos que visitamos, mas para dormir e banhar-se estava ótimo. Não fomos em busca de requinte na hospedagem e sim de ver o que a cidade oferecia.

De cara fomos conhecer o gigante Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo, com 828 metros e 164 andares. Curti muito o visual bombástico e o luxuoso shopping Dubai Mall, o maior do mundo, com 1.200 lojas. De lá ganhei meu bracelete de 3 ouros, que meu querido me presenteou quando visitávamos o Gold Souk, um lugar belíssimo.

No final da tarde, meu marido que esta amando fotografar, resolveu curtir a hora dourada e fez lindas fotos, inclusive da dança das águas nas fontes, ao redor destes lugares que mencionei. Um lugar encantador, com vários restaurantes e lojas de artigos orientais.

Escutar Andrea Bocelli curtindo a iluminação nas fontes de águas cristalinas, com uma atmosfera acolhedora, foi uns dos melhores momentos em Dubai. Claro que saímos dali e fomos jantar no Mango Tree, para degustar o melhor vinho dentro da própria adega, sofisticadíssima. Me fez recordar a Sandlândia, onde vivo sob a lei seca, sem bebida alcoólica, no entanto por horas fiquei viajando naquele mundo exótico e degustativo.Tudo de bom o restaurante Mango tree. Mas é preciso fazer reservas.

Exploramos o Dubai velho, com suas ruas estreitas, seus trabalhadores com caras cansadas, o porto que retrata o velho tempo, e mostra a simplicidade dos marítimos. A maneira bizarra de se encher um barco de transporte, sem aqueles guinchos enormes das marinas modernas. Foi muito bom sentir e presenciar esta atmosfera mais real da cidade. Enquanto muitos correm atrás da tecnologia para levantar prédios impressionantes, existem ao lado pessoas levantando sacos, latões e muito mais coisas, com seus braços firmes e suas cabeças erguidas, cobertas pela fé.

Foi interessante, mas ao mesmo tempo é triste perceber estas discrepâncias sociais. Às vezes me dói a barriga por aqui, quando me lembro de tantos miseráveis na Índia, Etiópia e até mesmo no Brasil. Como seria bom se o queijo fosse melhor repartido.

Visitando o velho Dubai, não poderia deixar de fazer minhas comprinhas, mas desta vez me dei mal. Íamos fazer uma caminhada ao redor do Creek, canal que divide a cidade, porém eu tinha comprado simplesmente 8 trajes para dança do ventre. Sempre penso em presentear a família ou amigas, só que estas roupas, com tantos penduricalhos, pesavam muito, fiquei exausta por carregá-las. Prometi nunca mais ficar fazendo comprinhas para levar ao Brasil, mas sei que esta é uma promessa difícil de cumprir. Por onde ando libero meu lado Mamãe-Noel e não poupo minhas economias com souvenires que normalmente me rendem malas e excesso de bagagens nas viagens ao Brasil.

Animados em explorar a cidade a pé, paramos no Museu Islâmico da Escrita, no Museu de Arquitetura e num restaurante típico e popular, que fugia daquele glamour que sempre vemos nas publicidades sobre Dubai. Foi ótimo, e nos transportou à cenas de cinema, com uma atmosfera tão exótica e original.





Foi uma viagem inesquecível e o aniversário do meu companheiro de vida foi muito bem comemorado.
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29.3.12

Escapadas para carregar a bateria



Realmente como eu esperava, a pensão da Tia Valeria na Arábia Saudita está em baixa. Sandlândia não é um país considerado turístico e há dificuldade de se obter visto. Nós temos visto de trabalho conseguido através do empregador do meu marido. Só conseguiríamos facilitar visto para parentes diretos como mãe, pai e filhos. Por aí já dá para perceber que nossa casa está sossegada. 

Fora os encontros e festas que organizo com os novos amigos que encontrei por aqui, aproveitamos os dias de férias escolares do filhote para sair pelo mundo afora a ocupar as pensões de amigos e da família. 

Férias de Páscoa? Nada melhor do que ir degustar um chocolate belga. Visitar a família do Joris, meu amado belga, rever amigos que deixamos nos oito anos em que lá vivemos e saborear a culinária e os drinks europeus. 

A alimentação nunca foi um problema para nós em outros países. Não sou aquele tipo de brasileira que não vive sem feijão com a arroz. Procuro sempre me adaptar ao cardápio e à culinária local. Mas confesso que já estou um pouco enjoada dos temperos fortes que encontramos por aqui. A cozinha local tem influências das cozinhas iraniana, indiana e filipina. 

Minha boca enche da água pensando que dentro de pouco estarei na belíssima sala de jantar da minha cunhada na Bélgica e saborear o menu preparado por seu marido que nos apresentará no almoço de Páscoa... Hummm. Ele é um advogado apaixonado e gourmet, que faz parte de um clube masculino de culinária na França. 

Me divido entre encontros familiares e com os amigos brasileiros queridos que ainda vivem por lá. Uma amiga organiza uma festa em sua casa para me receber e ali encontrarei dezenas de amigos que deixei. Com outro grupo querido, curtirei um restaurante espanhol que adoro, com certeza secaremos umas jarras de sangrias assim como nossas bocas colocando o papo em dia. Com a família celebraremos a Pascoa e o aniversário da minha sogra. Com um professor de violão reciclarei meus conhecimentos e arranharei acordes da nossa saudosa música brasileira, para colocar em prática em Sandlândia. 

Realmente tenho que ter energia para dar conta de tudo isto em apenas cinco dias. Coisas de Valeria. Como diz minha mãe, parece que o mundo vai acabar amanhã. Não que seja verdade, mas temos que tirar proveito de cada dia, temos que viver o dia de hoje como se fosse o último dia, viver o aqui e agora. Este é meu mantra!
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29.2.12

Festa de 50 anos do maridão

Como boa festeira que sou, sempre organizando festinhas para os amigos, família, colegas, enfim, para quase todo mundo, não poderia deixar de organizar algo para meu querido companheiro, nos seus 50 anos de vida, muito bem vividos, diga-se de passagem. Apesar das limitaçães, como por exemplo, a ausência da família e dos amigos dos velhos tempos, a impossibilidade de brindar com champanhe ou com uma caipirinha, bebida favorita dele, e de outras facilidades que encontramos no mundo ocidental, deu certo. Objetivei e fui atrás de coisas para alegrar uma galera de expatriados aqui na Sandlândia e celebrar o cinquentão do Joris.  

 

Comprei tecidos lindos e fiz uma decoração dourada, como seus 50 anos. Obtive ajuda das amigas latinas para elaborar os quitutes. Fizemos um buffet sortido de culinária latina, europeia e oriental. Foi satisfação total, não sobrou nada. Fiz um painel de fotos gigante, desde seu nascimento até hoje, que o surpreendeu muito, pois sou zero em coisas técnicas no computador. Encontrei uma amiga espanhola que topou ser a dj da festa e animou a galera das 7 da noite a 1 da manhã. Tudo isso sem drinks alcoólicos. 



No final, o contentamento de ver os olhos do Joris brilharem de alegria e a satisfação em celebrar seus 50 anos num lugar distante, trabalhando num projeto importante, mas rodeado de novos amigos, valeu a pena. 

Os franceses, venezuelanos, brasileiras e até os sandlaneses com certeza não esquecerão de um tal dia 22 de fevereiro em Sandlândia, que teve até carnaval brasileiro, em comemoração das bodas do belga. 



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22.2.12

Aulas de culinaria

O fascínio pela culinária me acompanha desde meus 8 anos, quando acompanhava minha mãe na cozinha.

Minha batalhadora mama, junto com minha falecida tia, tinham uma cantina de escola. Além de ajudá-las a fazer as deliciosas guloseimas, bolos, pasteis e tortas que nutriam o lanche da molecada no intervalo da escola, eu também trabalhava na cantina. Ajudava a vender os produtos e não me lembro de ter tido na fase escolar um recreio completo. Estava sempre a servir meus colegas, professores e a criançada que nos deixava louca para comprar um pedaço de bolo de cenoura com chocolate, um farto pedaço de torta de coco, um cachorro-quente com molho de tomates fresquinhos acompanhados pelo famoso guaraná e a Fanta Uva, bebidas que refrescavam a garotada.

Deixando esta nostálgica época escolar de lado, retorno a cozinha da minha mama. Ai que cheirinho gostoso exalava! Quando ela preparava o peixe fresquinho que meu pai trazia de sua pescaria de cada dia. A sirizada carregava o ar de um odor adorável de mar e coentro que me persegue até hoje.

Já me arrisquei, aqui do outro lado daquele mundinho em que vivi felizmente com meus pais, a tentar sentir o mesmo cheiro, comprando siris do Golfo Pérsico e os refogando com muito coentro. Até que não ficou mal minha sirizada, foi bem degustado por muitos que a adoraram, mas ainda faltou aquele toque especial que só sabe dar minha querida mama Laurita.

Sempre saudadosa da nossa culinária, dos nossos condimentos e pratos típicos, por onde passo organizo e participo de aulas de culinária. Às vezes somente organizo encontros para degustação.

Procuro sempre deixar um pouquinho da nossa cultura em todo país por onde vivo. Me encanta esta troca de culturas.

Na Bélgica organizei classes num clube de culinária só para homens. Foi umas das experiências mais bizarras que tive com este tipo de evento. Em nosso país os homens não têm o hábito de ir para cozinha, embora este comportamento já esteja mudando ultimamente.



Amei ser observada com disciplina e interesse por 30 homens que não falavam meu idioma e que tinham interesse em saborear nossos pratos típicos, em aguçar o paladar para algo que nos fazia ultrapassar os clichês e ser mais do que futebol, mulheres de bundas bonitas e samba.

 

Neste dia, depois de começar o curso com a preparação do nosso aperitivo predileto, a caipirinha, degustaram e respeitaram o simples, mas agradável sabor da nossa culinária.

Além de vários encontros, não só com alunos homens, participei também de um livro de culinária editado na cidade em que morávamos, com uma receita de camarão na moranga, típico da região em que nasci, no litoral norte paulista.








Na Espanha, levei nossa culinária ao encontro multicultural da escola internacional do meu filho. Junto a outros brasileiros, apresentamos nossa deliciosa picanha, foi a barraca mais frequentada da festa. 

Participei de um curso da cozinha tailandesa, com uma turma de amigas muito lindas e agradáveis.





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4.11.11

Qatar-Doha


Temos um feriado longo aqui na Sandlândia. Uma semana onde os muçulmanos celebram o Eld. Todas as empresas praticamente param, e por isso resolvemos aproveitar para sair um pouquinho e conhecer os países vizinhos. Começaremos por Qatar, para fazer safari no deserto e navegar em barcos tradicionais.

Na foto acima, o Museu Islâmico. 


 Foto tirada no porto de Qatar, ao fundo a cidade moderna. 



Cenário comum na cidade, homens bebendo chá em pleno horário comercial, não sei qual será o horário de trabalho.



Objeto muito valorizado na cultura. Pude ver algumas lindas, bem trabalhadas artesanalmente.


Já que elas não podem mostrar a pele, as grifes mais famosas são apresentadas nas bolsas que elas exibem com orgulho.



Hotel Intercon, com prainha especial para crianças. 



Vocês podem estar se perguntando, qual delas é minha esposa?


Visão desde o barco.



Museu Islâmico, à noite. 



Amamos o safari no deserto, com aventuras mesmo e lindas paisagens. 



Escultura na rua de Katara, centro cultural. 



Limitação nas roupas, mas sempre tentando chegar perto de um prazer...



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